domingo, 30 de novembro de 2008

"Não éramos tão maus antes nem somos tão bons agor

Com a devida licença da Académica, ainda havia muito que esgravatar na vitória arrancada na Turquia. Jesualdo Ferreira aproveitou as entrelinhas das perguntas para lançar alfinetadas a críticos e a críticas que foi armazenando nos últimos tempos. Sem as especificar, deixou implícito nuns casos e explícito noutros que as achou injustas e precipitadas. Agora, também acha que os elogios dos últimos dias são algo prematuros, porque este FC Porto, apesar de apurado para os oitavos-de-final da Champions, tem muito por onde espremer. Contradições.

Depois do sucesso europeu, sente a equipa mais confiante?

O FC Porto chegou aos oitavos numa altura em que ninguém acreditava. Só nós acreditávamos. Diziam que estávamos enterrados, que a equipa não prestava, que os reforços eram maus, que a equipa não jogava. Vocês sabem o que foi escrito. Nem éramos tão maus naquela altura, nem somos tão bons agora. Temos é de trabalhar para sermos cada vez mais fortes, mas isso leva tempo e tem o seu progresso normal. Os jogadores nunca desacreditaram. Repito: não somos tão bons agora, como querem fazer crer, nem tão maus como foi escrito naquela altura. A auto-estima é melhor; a confiança aumentou; as capacidades dos jogadores aparecem com outra naturalidade e a equipa rola de outra maneira. Estamos num momento extraordinário? Não. Estamos no patamar que devíamos estar neste momento, apesar de alguns resultados maus. Mesmo em crise, empatámos na Luz, ganhámos em Alvalade, eliminámos o Sporting, conquistámos o apuramento na Champions com vitórias em Kiev e na Turquia.

Diz que a equipa também ainda não é tão boa como se escreve. Falta o quê?

Falta trabalho. Esta equipa precisa de muita atenção de todos, de técnicos, administradores e adeptos. Precisa de carinho. Ninguém nasce ensinado. Os que observam e avaliam, fazem-no de forma diferente à avaliação que fazemos internamente: não só os jogadores, mas também quem os contrata e dirige. Por isso é que o futebol tem piada, nessas divisões de opinião.

Sublinhou, no final, que aquele jogo era um manual de instruções. Porquê? Só pela eficácia?

Sobre esse manual podia dizer muitas coisas. Os jogadores foram espertos e concentrados, sabendo o que fazer face à forma como o Fenerbahçe jogava. Conseguiram-no graças às transições. Na primeira parte, houve momentos em que foi necessário ter os jogadores posicionados de maneira a garantir a ocupação dos espaços. Mas, o FC Porto não deve ser reduzido ao que fez na primeira parte, nem ao que fez na segunda. Há factores que não permitiram que o tal manual tenha sido constante: fizemos dois golos em lances que nada tiveram que ver com os processos; com o nosso método e preparação aconteceram os "quase" golos. Para mim, foi um jogo conseguido porque a equipa teve capacidade de pôr em campo um plano de jogo.

Jesualdo Ferreira n' O Jogo.

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