Caro prof. Jesualdo Ferreira
FOI Giovanni Trapattoni quem traçou a equação: «um bom treinador pode conseguir que a sua equipa melhore no máximo 10 por cento, um mau pode torná-la pior 50 por cento no mínimo». E antes disso eu já aprendera que se o futebol se jogasse apenas com uma bola perderia o que tem de imprevisível, apaixonante, misterioso, patético - numa tirada famosa de Alex Fergunson: «Quando os críticos desfilam teorias acerca dos atributos que tornam umas equipas melhores do que outras divirto-me com a avidez com que se concentram quase em exclusivo nas comparações entre a técnica e a táctica, com que discutem o futebol em termos abstractos, esquecendo-se de que na realidade é jogado por criaturas de carne e osso com sentimentos, que a táctica é importante mas não ganha jogos, quem os ganha são sempre os homens que os jogam...»
Vendo o FC Porto contra o Arsenal, o Kiev e o Leixões, sabe o que senti? Que o passado e a memória eram os únicos lugares para onde os seus adeptos podiam fugir do choque, da náusea e da angústia. Apeteceu-me lembrar-lhe que a espada por si só de pouco vale, dá o golpe mas é no acerto da mão que está a vitória ou a derrota — e que tendo os jogadores que tem este ano, aceitando tanta gente banal que lhe impingiram, falhar a mão mais duas ou três vezes pode ser a tragédia — e você o bode-expiatório. Mas não, prefiro dizer-lhe outra coisa: que sei que é pesada a cruz que é ter o pior FC Porto do século XXI, falho do talento e da personalidade que têm sido o ADN do dragão que tudo ganhou vivendo a sonhar com mais ainda — e que de nada lhe servirá suplicar por tempo e paciência para construir equipa em que ainda crê, talvez em solidão. Melhor será gastar o tempo e a paciência na busca da alma e do carácter que se esfumou. Só assim se salvará. E pode ser ingrato, pode ser injusto, mas é aí, no interior de vós, que há-de estar a diferença entre você ser ser uma coisa ou outra da frase de Trapattoni, acredite...
António Simões n' A Bola
FOI Giovanni Trapattoni quem traçou a equação: «um bom treinador pode conseguir que a sua equipa melhore no máximo 10 por cento, um mau pode torná-la pior 50 por cento no mínimo». E antes disso eu já aprendera que se o futebol se jogasse apenas com uma bola perderia o que tem de imprevisível, apaixonante, misterioso, patético - numa tirada famosa de Alex Fergunson: «Quando os críticos desfilam teorias acerca dos atributos que tornam umas equipas melhores do que outras divirto-me com a avidez com que se concentram quase em exclusivo nas comparações entre a técnica e a táctica, com que discutem o futebol em termos abstractos, esquecendo-se de que na realidade é jogado por criaturas de carne e osso com sentimentos, que a táctica é importante mas não ganha jogos, quem os ganha são sempre os homens que os jogam...»
Vendo o FC Porto contra o Arsenal, o Kiev e o Leixões, sabe o que senti? Que o passado e a memória eram os únicos lugares para onde os seus adeptos podiam fugir do choque, da náusea e da angústia. Apeteceu-me lembrar-lhe que a espada por si só de pouco vale, dá o golpe mas é no acerto da mão que está a vitória ou a derrota — e que tendo os jogadores que tem este ano, aceitando tanta gente banal que lhe impingiram, falhar a mão mais duas ou três vezes pode ser a tragédia — e você o bode-expiatório. Mas não, prefiro dizer-lhe outra coisa: que sei que é pesada a cruz que é ter o pior FC Porto do século XXI, falho do talento e da personalidade que têm sido o ADN do dragão que tudo ganhou vivendo a sonhar com mais ainda — e que de nada lhe servirá suplicar por tempo e paciência para construir equipa em que ainda crê, talvez em solidão. Melhor será gastar o tempo e a paciência na busca da alma e do carácter que se esfumou. Só assim se salvará. E pode ser ingrato, pode ser injusto, mas é aí, no interior de vós, que há-de estar a diferença entre você ser ser uma coisa ou outra da frase de Trapattoni, acredite...
António Simões n' A Bola
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