JESUALDO FERREIRA não deve ter costas suficientes para tantos abraços, uns cúmplices e sinceros, dados por quem o acompanhou em todas as horas de longa e hercúlea campanha, outros de conveniência, dados por quem se resguarda no recato da discrição e só deita a cabeça de fora quando há garantia de bom tempo. Lisonjas, agradecimentos e outras cortesias quando se ganha; isolamento, desconsideração e reparos agrestes quando se perde. Sentimentos e reacções tão distantes, mas que frequentemente se confundem, sendo difícil desenhar uma linha de fronteira entre o bem e o mal, entre o conhecimento e a ignorância, entre a competência e o oportunismo, entre o sucesso e o fracasso. Nos tempos de hoje, de competição sem regras, antes de deflagrar a crise financeira já, outra, a de valores, igualmente devastadora, corroía os pilares da sociedade. São os cidadãos sérios e solidários quem mais perde face às vagas de esperteza dos que se habituaram a trepar depressa não pelo volume do que produzem, unicamente por mais habilmente se insinuarem junto das zonas de influência e de quem as controla. Ora, pelo que conheço dele, atrevo-me a dizer que Jesualdo não tem, nem nunca teve, tendência para se encostar a quem quer que fosse ou para pedir favores que não pudesse retribuir em trabalho. Nem aquele ar sisudo, onde descobrir um sorriso parece ser a coisa mais complicada do mundo, o autorizava...
Depois de excelente trabalho no Sporting de Braga, onde deixou firmes os alicerces para a projecção da equipa no quadro europeu, instalou-se por breves instantes no Bessa, antes do FC Porto o ter ido buscar para assumir a sucessão de Co Adriaanse.
Com a consciência de ter aceite o maior desafio da sua vida desportiva, entrou de mansinho. Nunca ninguém o ouviu dizer agora é como eu quero, sou eu quem manda, ou barbaridades do género. Opôs-se a rupturas. Serenamente, privilegiou uma linha de continuidade, aproveitando tudo quanto de bom recebera. Aos poucos, quase sem se dar por isso, foi espalhando as suas ideias, que os jogadores interpretaram sem sobressaltos.
Foi campeão e pouca importância se lhe atribuiu: valorizaram-se a herança do holandês e a organização portista.
Voltou a ser campeão e... outro oceano de reticências se agitou: com aquela equipa e aqueles jogadores qualquer um faria o mesmo.
Entretanto, saíram Quaresma, Assunção e Bosingwa, três jóias do dragão, e entraram Tomás Costa, Guarín, Cristian Rodriguez, Sapunaru, Hulk, etc . A época começou aos tropeções e vozes indignadas imediatamente se ouviram considerando este FC Porto dos piores dos últimos anos. Jesualdo carregou o peso dessa insatisfação mas resistiu, convicto da sua experiência, do seu saber. Rompeu a barreira dos oitavos-de-final na Champions e vulgarizou o poderoso Manchester United em Old Trafford, lembram-se? Inventou Fernando, Rolando e Cissokho. Enfim, pôs a sua assinatura no renovado FC Porto e voltou a ser campeão, pela terceira fez consecutiva, um feito nunca antes alcançado por um treinador português. Jesualdo fez história, e escreveu-a apenas com a tinta do seu suor. Professores há muitos no futebol, mas não como ele...
COM António Salvador na presidência o Sporting de Braga não tem o desplante de se considerar um dos gigantes do futebol português mas conquistou já o direito a um espaço próprio, espécie de antecâmara onde se aguarda autorização de entrada no salão exclusivo de FC Porto, Sporting e Benfica. Impossível? É uma questão de querer e acreditar, razão por que o clube bracarense está a promover iniciativas junto da população jovem do distrito no sentido de, com paciência e credibilidade, recrutar soldados para o seu cada vez mais numeroso exército de adeptos. A semana passada, porém, numa escola da Póvoa do Lanhoso, o atraso de uma hora no programa de festas provocou a indignação do respectivo director. Arrefeceu a sopa das crianças, uma tragédia. Como horários é coisa que os governantes conhecem mal, se a ministra entender por lá passar, que se cuide. Pontualidade...
Fernando Guerra n' A Bola
Depois de excelente trabalho no Sporting de Braga, onde deixou firmes os alicerces para a projecção da equipa no quadro europeu, instalou-se por breves instantes no Bessa, antes do FC Porto o ter ido buscar para assumir a sucessão de Co Adriaanse.
Com a consciência de ter aceite o maior desafio da sua vida desportiva, entrou de mansinho. Nunca ninguém o ouviu dizer agora é como eu quero, sou eu quem manda, ou barbaridades do género. Opôs-se a rupturas. Serenamente, privilegiou uma linha de continuidade, aproveitando tudo quanto de bom recebera. Aos poucos, quase sem se dar por isso, foi espalhando as suas ideias, que os jogadores interpretaram sem sobressaltos.
Foi campeão e pouca importância se lhe atribuiu: valorizaram-se a herança do holandês e a organização portista.
Voltou a ser campeão e... outro oceano de reticências se agitou: com aquela equipa e aqueles jogadores qualquer um faria o mesmo.
Entretanto, saíram Quaresma, Assunção e Bosingwa, três jóias do dragão, e entraram Tomás Costa, Guarín, Cristian Rodriguez, Sapunaru, Hulk, etc . A época começou aos tropeções e vozes indignadas imediatamente se ouviram considerando este FC Porto dos piores dos últimos anos. Jesualdo carregou o peso dessa insatisfação mas resistiu, convicto da sua experiência, do seu saber. Rompeu a barreira dos oitavos-de-final na Champions e vulgarizou o poderoso Manchester United em Old Trafford, lembram-se? Inventou Fernando, Rolando e Cissokho. Enfim, pôs a sua assinatura no renovado FC Porto e voltou a ser campeão, pela terceira fez consecutiva, um feito nunca antes alcançado por um treinador português. Jesualdo fez história, e escreveu-a apenas com a tinta do seu suor. Professores há muitos no futebol, mas não como ele...
COM António Salvador na presidência o Sporting de Braga não tem o desplante de se considerar um dos gigantes do futebol português mas conquistou já o direito a um espaço próprio, espécie de antecâmara onde se aguarda autorização de entrada no salão exclusivo de FC Porto, Sporting e Benfica. Impossível? É uma questão de querer e acreditar, razão por que o clube bracarense está a promover iniciativas junto da população jovem do distrito no sentido de, com paciência e credibilidade, recrutar soldados para o seu cada vez mais numeroso exército de adeptos. A semana passada, porém, numa escola da Póvoa do Lanhoso, o atraso de uma hora no programa de festas provocou a indignação do respectivo director. Arrefeceu a sopa das crianças, uma tragédia. Como horários é coisa que os governantes conhecem mal, se a ministra entender por lá passar, que se cuide. Pontualidade...
Fernando Guerra n' A Bola
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