Quem conhece a personalidade de Hulk, o super-herói de banda desenhada e não o jogador de futebol, sabe que são a raiva e o medo e a tensão que o tornam mais forte e perigoso. Quem conhece a personalidade de Hulk, o jogador de futebol e não o super-herói de banda desenhada, garante que é o prazer de jogar à bola que o torna mais forte e perigoso e letal. É apenas natural que se confunda um com o outro e que se imagine que a entrada em força de Hulk, o jogador de futebol, na presente temporada possa encontrar combustível na raiva que devia sentir pelos três meses de paragem que lhe foram impostos na última época, mas é ao contrário. O que faz Hulk correr, o que lhe dá coragem para partir para cima dos adversários, o que lhe faz disparar o coração e flectir os músculos para mais um remate fulminante é o prazer que sente a jogar. O mesmo prazer que muitas vezes o faz agarrar-se à bola como se ela fosse só sua e o impede de a partilhar. Por outro lado, quem aceitaria partilhar voluntariamente uma grande paixão?
Jorge Maia n' O Jogo.
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