sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Deixar o Braga numa posição desconfortável

Conferência de imprensa de André Villas-Boas n' O Jogo:

Como perspectiva o jogo com o Braga?
Queremos continuar a ganhar e a paragem não ajuda as dinâmicas que estão construídas. Ontem [anteontem] foi para recuperação porque os internacionais chegaram tarde das selecções e o Falcao só voltou hoje [ontem]. Optámos por recuperar e hoje [ontem] já treinámos mais intensamente. Acreditamos que a equipa se vai manter a um nível exibicional elevado e de resultados positivos. Queremos manter a liderança e deixar o Braga numa posição desconfortável à quarta jornada. O Braga quer, obviamente fazer o contrário. É uma equipa que se pode permitir a jogar na casa dos grandes e ganhar, foi assim que ganhou em Alvalade, na época passada.

Que opinião tem do adversário?
O Braga vem motivado por uma entrada na Liga dos Campeões totalmente meritória em mais uma elevação do futebol português na Europa. São duas equipas que lutam pelo campeonato, mas o FC Porto e os outros grandes, em relação ao Braga, já não serão apanhados desprevenidos. Na época passada, a consideração que se tinha era de que mais tarde ou mais cedo acabaria por perder pontos e isso foi uma observação errada. Agora estão todos mais alerta e concentrados, sabendo que não se pode relaxar.

Este é o adversário mais difícil que o FC Porto teve até à data?
O Braga é um candidato ao título. É um jogo que permite colocar um candidato a uma distância considerável. É esse o nosso sentimento. O Braga quer continuar a mostrar que é uma equipa de topo.

Vão enfrentar-se as duas melhores equipas do campeonato até ao momento?
O FC Porto e o Braga estão no topo da classificação e foram as que começaram mais regulares, mas não posso dizer que são as melhores. Há boas equipas e o Benfica e o Sporting que estão em ascensão. O Sporting joga em casa e pretende continuar o seu percurso perto dos lugares da frente e o Benfica com uma deslocação difícil.

Um FC Porto ao nível dos últimos jogos será suficiente para vencer o Braga?
Procuramos sempre o resultado e a exibição. Retiro mais prazer quando jogamos bem e demonstramos a beleza do nosso jogo. O FC Porto é uma equipa em crescendo, com exibições que têm variado, mas mantido uma regularidade de princípios. Se é suficiente ou não, vamos ver.

Até por isso estará pouco tentado a fazer alterações?
Vamos ter uma carga de jogos em Setembro e Outubro importante, principalmente devido às viagens e às deslocações difíceis à Bulgária e à Madeira e depois à Turquia. Nesse sentido, é natural que mais tarde ou mais cedo a rotação seja introduzida. Para este jogo não sei. O mais importante é manter o nível elevado de rendimento, sejam quais forem as opções.

Já venceu o Benfica, ganhar ao Braga significará ter uma equipa mais mentalizada que pode conquistar o título?
É muito cedo. Até à 11ª jornada não se poderá estabelecer um padrão em termos de classificação. São quatros equipas a lutar pelo título e afastar o Braga para cinco pontos à quarta jornada é um passo importante, mas não decisivo. O Braga teve uma regularidade impressionante na época passada e não são normais os feitos que tem alcançado. É uma equipa que respira motivação, os jogadores estão unidos em torno do líder e dos objectivos. Toda a cautela é pouca, mas estamos organizados para vencer. Uma vitória do FC Porto não ditará o afastamento do Braga da luta.

Paragem foi de alguma forma benéfica ou condicionou por só ter agora os jogadores?
Os que ficaram permitiram continuar a trabalhar os nossos processos e conhecer um pouco mais o que temos à disposição na formação. Agora, a dinâmica de vitória que estava instalada poderá ou não sofrer atrasos. Vai depender do que fizermos com o Braga. A equipa está preparada e organizada o suficiente para se manter nas vitórias. Houve jogadores que foram para as selecções com resultados variáveis e nesse sentido houve motivações e desmotivações.

Qual a margem de crescimento deste FC Porto?
Há sempre espaço para a evolução. Há erros que podem ser colmatados. Caminhar para a perfeição é um pouco caminhar para o infinito, mas queremos crescer como colectivo. Há decisões na estética do jogo que podemos melhorar e aspectos defensivos em que é claro que podemos dar o salto. O fundamental é manter a regularidade.

Por isso é que não tem mudado as rotinas defensivas?
Há muitas opções, mas acho que o empurrão da Comunicação Social ao Otamendi e ao Fucile não é justo para o Maicon, o Rolando, o Sereno e o Sapunaru. O Otamendi tem um período de adaptação ao estilo de jogo do FC Porto e o Fucile tem de continuar a trabalhar. Foi determinante nos quatros anos, mas encontra um Sapunaru a um nível elevado. Estão próximos um do outro.

Que objectivos é que tem para este ciclo que agora se inicia?
O objectivo global é ganhar o campeonato, mas queremos deixar o Braga numa posição desconfortável. É esse o objectivo imediato, passando mais uma jornada na liderança.

Em que condições é que Falcao se apresentou depois de ter feito mais de 27 mil quilómetros para jogar dois particulares pela selecção da Colômbia?
Completamente exausto. Acontece a qualquer um. Foi um número anormal de horas de voo, ainda por cima o voo para a Venezuela partiu com três horas de atraso e, por causa disso, a equipa chegou lá já de madrugada. Entregámos um jogador fresco e eles entregaram um jogador morto e exausto. O tempo de recuperação até ao jogo será suficiente para se apresentar fresco.


Carlos Gouveia

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