sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

André Villas-Boas - Não posso comentar cada profecia de Jesus

O FC Porto viveu uma semana de trabalho diferente, na sequência da primeira derrota da época, com o Nacional. Não foram poucas as vozes que ao longo da semana aproveitaram para lançar algumas tiradas e, com isso, tentar desestabilizar Villas-Boas e a sua equipa naquele que será até ao momento o seu período mais vulnerável. A prova de que esta era uma conferência de Imprensa diferente foi dada até pela presença dos principais canais televisivos, que aproveitaram para transmitir em directo algumas respostas do treinador do FC Porto. Claro que antes de se falar do jogo com o Marítimo era inevitável ouvir as reacções às declarações recentes de Jesus.

Quer fazer algum comentário às afirmações do treinador do Benfica, quando diz que o FC Porto tem sido beneficiado pelas arbitragens?

Não posso comentar cada profecia do treinador do Benfica, não me posso sentar aqui a comentar as suas profecias e os seus vaticínios, não me cabe a mim fazê-lo. Acredito mais na nossa competência e se a pressão externa existe para ele, para nós não existe, porque acreditamos no que estamos no nosso trabalho. Foi isso que nos permitiu esta série de jogos sem perder e que nos levou ao estado actual. Se fosse o Benfica, com este período que tivemos, onde é que estariam o treinador e o Benfica? Que considerações poderiam estar a ser tomadas em relação a ele? Mas o passado conta pouco, e nós queremos crescer para o futuro, e isso só vai acontecer se continuarmos a acreditar no nosso trabalho, que é mais importante do que qualquer mensagem do exterior, que nos diz pouco, e só serve para entretenimento semanal.

Mas essas declarações e as referências que nelas se fazem não são uma afronta ao seu trabalho? Não se sente incomodado?

Não. Obviamente, o campeonato é uma prova de regularidade e não bastam, por exemplo, os 5-0 ao Benfica para transmitir - que não transmitem - a diferença entre as equipas. Uma equipa que se sagrou campeã em Portugal tem mais condições para continuar na rota de sucesso e maior obrigação disso. Benfica, Sporting e Braga, com as aspirações que têm ao título, colocam-nos uma série de dificuldades. O Benfica, como adversário mais próximo, coloca-nos um desafio, porque é uma equipa que pratica um futebol de ataque, agressivo e objectivo. Foi assim que o Jesus construiu esta equipa, e a organização deles é forte, tal como a do FC Porto, e não são um percalço ou determinado tipo de comentários que vão pôr em causa a nossa crença na obtenção dos objectivos. Portanto, o que dizem da boca para fora dá-nos exactamente igual; [as palavras] servem para a gente as colar no placar e olhar para lá durante a semana. Relativamente aos confrontos directos entre FC Porto e Benfica, se calhar convém referir que, nos últimos três jogos, o FC Porto leva um "score" de 10-1 sobre o Benfica, e se a tentativa de Jesus é pôr em causa a competência do FC Porto, pelo menos ele não a pôs nos últimos três jogos. É de tal forma gritante que se calhar convém relembrar-lhe qualquer coisa.

Tendo em conta as lesões, a primeira derrota da época e as declarações que surgiram do lado do Benfica, sentiu que esta foi uma semana diferente, de maior pressão?

Foi uma semana exigente, porque o Marítimo nos obriga a máxima exigência pós-derrota. Neste cenário, com o Marítimo em forte crescimento, o que foi pedido aos jogadores foi um compromisso máximo com o treino e a concentração para absorver as nossas ideias e o que são as ideias gerais da organização do Marítimo. Como sabem, o nosso adversário revolucionou o seu campeonato, está num número importante de jogos seguidos sem perder, cresceu na tabela classificativa, perdeu na Taça com o Setúbal, mas está em crescendo e é sempre complicado de defrontar. Tem jogadores agressivos na frente, rápidos e que dão profundidade, e também uma nova organização de construção que me agrada bastante. Isso é fruto do trabalho do Pedro Martins; não que o do Van der Gaag estivesse mal, porque respeitava muito o seu trabalho. Agora, vê-se que há uma mudança de cultura entre aquilo que o Van der Gaag fazia e o Pedro Martins, e é de valorizar o percurso do Marítimo.

Dadas as circunstâncias que atravessa o FC Porto e as lesões, é plausível uma ida ao mercado ou o grupo chega para todas as competições?

Na Taça da Liga, a nossa situação ficou extremamente comprometida. Há que esperar por um deslize do Nacional ou do Gil Vicente, mas não vai ser fácil. É uma pena, porque é uma competição que gostaríamos de vencer. Fomos à final no ano passado, e era importante para o FC Porto conseguir ganhar um troféu jovem, mas que vai ganhando prestígio e preponderância no panorama nacional. As lesões são coisas que acontecem quando menos se espera e têm tocado a jogadores com mais preponderância. Mas a construção do plantel aborda todos esses cenários, e sentimo-nos confiantes com o que temos. Não é por termos vacilado contra o Nacional e com o que se está a passar actualmente que há mais necessidade de procurar alternativas no mercado, porque se comete determinado tipo de erros por precipitação, e acho que não o devemos fazer. Mas não andamos à procura.

Mas não sente a necessidade de um avançado, até por ser por aí que insistem as últimas notícias?

Notícias falsas. Se o FC Porto tiver necessidade de ir ao mercado, fá-lo-á de uma forma agressiva e rápida, com pouco mediatismo. Este plantel foi construído no sentido de as opções que temos no ataque serem suficientes para colmatar qualquer posição.

O que tirou de positivo da derrota com o Nacional e o que é que lhe tem parecido o FC Porto nestes últimos três jogos?

Na abordagem que fizemos com os jogadores, falámos exactamente disso. Temos um período de três jogos em que temos uma primeira parte boa e uma segunda parte má, ou vice-versa. A equipa quer crescer em termos de regularidade exibicional durante os 90 minutos. É importante não haver quebras e manter um ritmo alto e os seus princípios de jogo, e não me parece que isso tenha acontecido com o Nacional. O nosso desafio é corrigir essa falta de regularidade.

Falou de uma certa irregularidade exibicional. Isso tem alguma coisa a ver com lesões de jogadores importantes ou cansaço competitivo?

Tem a ver com a concentração e as próprias condicionantes do jogo. Tivemos meses pesados, como Outubro, Novembro e Dezembro, mas que não serão tão pesados como Janeiro. O que precisamos é de obter um patamar elevado de rendimento e não passar por oscilações tão determinantes como se calhar temos passado.

Contra o Marítimo, vai reencontrar Carlos Xistra, o mesmo árbitro que apitou em Guimarães, num jogo em que o FC Porto perdeu pontos e que culminou com a sua expulsão. Algum comentário?

Foi um jogo marcado por uma declaração minha infeliz e, se tiver oportunidade de lhe falar [ao árbitro], vou fazê-lo. Foi uma declaração precipitada e, se tiver a oportunidade - não a tenho com todos os árbitros, porque não ando à procura de os cumprimentar só para me fazer ver -, acho que lhe devo uma palavra.

Sempre vai ficar sem James Rodríguez por causa do Sul-Americano? Já há uma decisão definitiva?

O FC Porto informou-se, mas como não havia a obrigatoriedade de o ceder e tendo em conta o facto de o James ter lutado muito para entrar nesta equipa, não seria de todo benéfico que partisse neste momento para o Sul-Americano, e acho que ele próprio o admite. O FC Porto manteve-se intransigente, e o James vai manter-se por aqui.

Que mensagem passou para o grupo na preparação deste jogo com o Marítimo, depois do primeiro desaire da época?

Uma mensagem de confiança, porque tivemos um percurso que nos levou a um número considerável de jogos sem perder e a um número importante de vitórias. E não será esta derrota que nos vai tirar desse trajecto. Agora, uma derrota no Dragão, seja para que competição for, tem determinado tipo de peso. Os jogadores não precisam que lhes lembre isso para o entenderem. Ficámos tristes com esta derrota, até pela forma como aconteceu. Continuamos a acreditar na nossa competência, e isso é que é importante. Treinamos todos os dias, temos sensações positivas e acreditamos que voltaremos mais depressa ao sucesso do que à derrota.

O futuro de Ukra e Castro continua na ordem do dia, e tudo indica que os dois jovens devem sair, apesar de Villas-Boas ter repetido que são ambos úteis. "Castro e Ukra geram mercado, têm mesmo possibilidade de sair, são muito úteis aqui, e queremos que continuem, mas o ambiente do FC Porto é extremamente competitivo. E apesar de eles se manterem no topo do rendimento, é difícil entrar. A decisão depende unicamente deles, mas as portas estão abertas", explicou. A confirmar-se, não será por aí que o FC Porto se verá obrigado a recorrer ao mercado: "Em princípio não, porque normalmente 24 chegam e neste momento temos 23, mais três guarda-redes. Reduzir não me parece um problema. Aumentar é que não."

Villas-Boas afirmou ser "falso" o que publicou ontem o jornal "A Bola" na primeira página sobre o interesse portista em Funes Mori. É um jogador "interessante", reconheceu, acrescentando não haver, no entanto, interesse nele. Sobre Diego Maurício, mais do mesmo: "Não conheço. Não passo os serões a ver jogos brasileiros."







António M. Soares n' O Jogo.

1 comentário:

Dragus Invictus disse...

Bom dia,

É fundamental ganhar este dois jogos seguidos em casa para o campeonato.
Vai ser um jogo difícil diante deste Marítimo que é a segunda defesa menos batida do campeonato com apenas 10 golos sofridos. Tem 4 empates fora e 1 vitória em 7 jogos disputados, o que é um registo positivo.

Por isso ao FC Porto cabe entrar no jogo determinado, com raça e atitude ganhadora. Não nos podemos deixar adormecer pelo jogo passivo que o Marítimo fará, e se chegarmos à vantagem no marcador não adormecer à sombra do mesmo, facto que tem acontecido algumas vezes esta época com alguns dissabores.

Espero que Walter esteja bem no ataque e que o bloco de meio campo jogue mais subido, pois Walter não é como Falcao, que vem muitas vezes a meio do meio campo atacante buscar bola.

De salientar o regresso de Mariano que com a sua experiência poderá ser importante neste e nos próximos jogos.

O tempo está péssimo mas a relva estará excelente como sempre. Espera-se um Dragão bem composto para apoiar a equipa na conquista de mais uma vitória rumo ao título.

Abraço

Paulo

http://pronunciadodragao.blogspot.com/