Não tendo o Fernando, quem vai jogar no lugar dele?
O nosso plantel tem uma riqueza de soluções e sentimos que elas estão potenciadas de um modo que na época passada se calhar não estavam. Estamos salvaguardados em relação à opção que devemos tomar. Não a quero partilhar, porque tem influência directa no nosso lado estrutural e estratégico.
Este é um jogo de tripla?
O Benfica foi campeão nacional com mérito absoluto, demonstrou uma qualidade de jogo superior, bastante elogiada durante toda a época, espalhou a qualidade do seu futebol a nível nacional e na Europa. Ainda não encontrou um rendimento tão forte como o da época passada, talvez porque tenha perdido duas pedras importantes. Não se conseguiu organizar da forma que desejava e, nesse sentido, é por isso que chega ao clássico com esta distância pontual para o primeiro lugar. Considerando a qualidade que têm, por serem campeões nacionais, pelo que fizeram com o Lyon, e também levando em conta que o FC Porto tem menos tempo de recuperação - não serve de desculpa porque acredito que estamos completamente recuperados -, o Benfica posiciona-se de um modo a poder ameaçar-nos. O jogo vai ter um grande ambiente emocional e são duas novas e grandes organizações que se confrontam: a minha, com a mudança de treinador, e a do Benfica, com a perda de dois jogadores essenciais. Estamos confiantes e temos uma oportunidade única que acontece muito raramente à 10ª jornada, isto é, distanciarmo-nos com uma margem pontual bastante grande. Mas isso ainda não aconteceu. Ainda temos de jogar para ficarmos dez pontos à frente do Benfica. Já perdemos dois que custaram muito e queremos materializar esta oportunidade contra o campeão nacional.
Se tivesse de jogar no totobola, faria uma aposta simples ou tripla?
Só poderia apostar num resultado. A minha preparação é toda para ganhar o jogo. A aposta cega é na vitória. A nossa aposta, o nosso compromisso é com a vitória e ganhar ao Benfica, em casa, tem um sabor único e especial. É o que vamos procurar.
Espera um Benfica diferente e mais forte do que aquele que defrontou na Supertaça?
O único sentimento que transmiti aos meus jogadores foi o de que espero um Benfica que queira dar um grito de revolta relativamente ao que aconteceu na Supertaça. Um Benfica que se perspectivava na máxima força, superelogiado, com um superataque, sendo campeão nacional e que dificilmente alguém pararia, chocou contra um grande adversário na Supertaça e acabámos por triunfar. O Benfica quer dar um grito de revolta, mas o FC Porto quer continuar a dar um grito de revolta relativamente ao que aconteceu na época passada. O FC Porto perdeu o campeonato, a Champions e a Taça da Liga para o Benfica. Queremos continuar a marcar uma posição e a dar o grito de revolta, porque fomos injustiçados em relação a dois castigos preponderantes na época anterior. No aspecto emocional, de carácter, de sentimento e de preparação para o esforço, os nossos jogadores vão estar no topo.
Não acha que o Benfica está mais pressionado e se o FC Porto vencer fica mais perto do título?
Preferia responder a isso após o jogo. Há vários cenários que podem acontecer. O de dez pontos, para nós, é o ideal. Para não ter de responder a isso agora, gostava que perguntassem aos outros treinadores dos clubes que querem lutar pelo campeonato, isto é, Sporting, Braga e Benfica, se o FC Porto ficar com mais dez pontos se querem entregar já o campeonato. Façam-lhes a pergunta. Com uma deslocação difícil a Alvalade, Braga e à Luz, por que é que o campeonato há-de acabar? É a pergunta que deve ser formulada não só a mim, mas também, por exemplo, ao Jorge Jesus, embora seja impossível fazê-lo em conferência de Imprensa.
Tomaz de Andrade n' O Jogo.
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