É a primeira conferência após o jogo de Guimarães. Sentiu-se fragilizado com tudo o que se disse?
Uma boa resposta era se dissesse que só queria falar do Limianos. Mas não é o meu timbre. O que há a registar é a quantidade de lições de moralidade e ética que recebi das mais variadas instituições e pessoas, que me servirão para o futuro. Parece-me claro que de moralidade e ética percebo pouco. Agradeço as palavras sábias que partilharam comigo. Relativamente a Guimarães há um "mea culpa" que foi assumido. Para mim, o braço do Rúben é o do Alex. Fiz questão de perguntar a uma série de pessoas se era penálti e todos tiveram a mesma ilusão a partir do banco e alguns jogadores em campo tiveram as mesmas conclusões. A insatisfação que partilhei no final foi relativa a uma série de lances que me parecem que devem ser analisados à 10ª ou 15ª jornada. Fora o penálti, há muita coisa para discutir e muita coisa que se tentou desmistificar. Aguardo pelo nível de culpabilização que será atribuído, ou não, à equipa de arbitragem.
Arrependeu-se das declarações?
Não. O "mea culpa" pode ter pouco significado para vocês, mas também me parece insólito no futebol português. Há muita gente que culpa com dados inexistentes e depois é incapaz de fazer uma rectificação. Essas pessoas que procuraram saber informações de lances à quinta jornada não vieram fazer "mea culpa". Se foi um acto insólito ou não, pouco me interessa. Talvez tenha reagido de uma maneira emocionalmente forte, dada a minha própria certeza e das pessoas que me envolviam. Não há lamentação possível. Foi uma pura ilusão de óptica que passou por todos nós.
Não teme que a carta que o FC Porto podia jogar em outra situação tenha sido gasta ali?
Não. Esta carta não é o FC Porto que a vai jogar, mas sim qualquer clube que se sinta injustiçado. Um baralho tem 52 cartas e talvez tenha gasto uma. Espero gastar as outras 51. O precedente foi aberto, portanto, quem o abriu que se sujeite à crítica dos clubes quando se sentirem injustiçados.
Surgiu a ideia de que não soube reagir à primeira contrariedade. É o treinador das vitórias seguidas ou o do empate?
É a vossa interpretação da minha reacção. Vocês, as pessoas comuns, mais os moralistas e os éticos, decidiram culpabilizar determinada reacção por causa do empate. A reacção foi relativa àquele lance. Não tenho que justificar os meus actos. Dá-me igual a crítica e a interpretação que fazem deles.
O presidente do Benfica disse que a equipa pode não comparecer aos jogos se houver actos de violência e fez comentários à sua reacção em Guimarães, classificando-a de ridícula. Como viu essas afirmações?
Relativamente ao facto de o Benfica estar a fazer um apelo à não violência quando se deslocar ao Dragão, só posso fazer o mesmo apelo. Quero jogar com o Benfica no campo e espero que a comitiva chegue intacta. Qualquer acto de violência é condenável. Quanto à expressão do presidente do Benfica sobre a minha interpelação em Guimarães, não sei o que é mais ridículo e caricato. Se quer fazer comparações que olhe para os seus próprios botões, pensando no que fizeram quando elaboraram um comunicado sobre o abandono de uma competição. Se querem abandonar a Taça da Liga, que abandonem. O que é mais ridículo? Fazer uma interpelação que não faz sentido nenhum aos olhos de quem gosta de futebol, que inclui também a ausência de adeptos nas deslocações, ou uma interpelação normal relativa a um caso de jogo? Façam a leitura. Já sei que as manchetes e as escolhas serão para as minhas palavras e para a violência delas.
Vítor Pereira disse que falava à 10ª jornada e depois disse que falava quando entendesse. O que acha disso?
Não entendo. Também disse que não andava a reboque de ninguém, mas parece que andava. Abriu um precedente numa altura de grande pressão. A reboque ou não, não sei. Da sua parte saem comunicações que os lances serão analisados à 15ª jornada, estamos à espera. Pode ser quando quiser. Sobre o jogo de Guimarães, esperamos que analisem o fora-de-jogo do Falcao, o primeiro amarelo inexistente ao Fucile e outros casos. O lance do Falcao, na semana anterior, na Bulgária, permitiu-nos chegar à vitória. Parte em jogo numa diagonal e aparece na cara do guarda-redes. Nem sequer está em linha com o último defesa.
Houve árbitros que disseram que houve más decisões nesse jogo...
Li no "Record", mas com pouca expressão. Acho positivo, mas teve pouca expressão. Por que é que essa notícia não é manchete? Por que é que as manchetes são as de Villas-Boas ridículo e caricato? Mas não sou ninguém para discutir critérios editoriais dos jornais.
Disse que registava as lições de moral e que iriam servir de ponto de orientação no futuro. Está arrependido de ter feito "mea culpa"?
Não. É insólito e leva a diferentes interpretações. Não gosto de me enganar. Aquele lance parecia-me demasiado óbvio e havia a falta de imagens. Para a TVI era um não-caso, porque possuía as imagens, mas para nós era um caso. Se marcará ou não o futuro, penso que não marcará, porque ninguém mais o fará.
A menos de um mês para o FC Porto-Benfica não acha que já há uma dramatização do clássico?
Pode ser que sim, mas é a sua óptica. A dramatização passa ao lado da equipa. Até ao jogo com o Benfica queremos fazer seis pontos e depois tentar aumentar a vantagem.
As suas palavras iniciais foram carregadas de ironia. Sente-se revoltado?
Não. Dá-me é gozo e gosto de o partilhar convosco. Acho que é preciso ter um pouco de critério e pensar que determinado tipo de artigos ou de conclusões não atingem determinadas pessoas. Pensar que podem aproveitar agora porque o gajo está débil, não serve. Tenho um carácter forte, tal como o clube e as pessoas que me rodeiam. E não se deixam levar por obras do diabo. Sobre as conclusões que tiram, a gente ri-se. Roçam o ridículo.
Vai guardar as sete pedras para depois as atirar no momento certo?
As sete pedras?
É uma expressão comum...
Ah, não, de todo. O RAP [Ricardo Araújo Pereira] ainda me dá gozo ler, porque faz-me rir. Os outros chegam ao ridículo, é o gozo puro. Tentam atingir o carácter da pessoa e não conseguem. Vamos registando com gozo todas as questões de grande moralidade e ética que foram espalhadas, ainda por cima numa paragem do campeonato, que permitiu um grande entretenimento durante duas semanas.
Tomaz Andrade
Sem comentários:
Enviar um comentário