domingo, 28 de fevereiro de 2010

Liga Sagres - Porto perde

Sporting 3 - FCPorto 0.

Sub-19: Porto vence

A equipa de sub-19 do FC Porto venceu este sábado, no terreno do Candal, por 0-3, somando mais três pontos no Campeonato Nacional de Juniores A. Loureiro, na própria baliza, Caetano, aos 50 minutos, e Alex, aos 90, foram os marcadores para os Dragões.

O treinador Patrick Greveraars fez alinhar o seguinte onze: Maia, David, Abdoulaye, Ricardo, Bacar, Ramon, Caetano, Sérgio Oliveira (Christian, 85m), Claro (Gilmar, 58m), Amorim (Edú, 75m) e Alex.

Capas de 28 de Fevereiro de 2010

Injustiças dão-nos força

A poucas horas do clássico, foi o adjunto João Pinto quem deu a cara pelo plantel. Falou na união dos jogadores face aos castigos de Hulk e Sapunaru e criticou Vítor Pereira pela nomeação de João Ferreira.

A motivação do Sporting pelo facto de ter ganho ao Everton modifica alguma coisa para o clássico com o FC Porto?

Ao FC Porto não interessa a motivação que o Sporting tem depois desse jogo. Sempre pensamos que o valor do Sporting estava mais perto daquele que demonstrou com o Everton do que noutros jogos recentes. Esse jogo colocou o Sporting no seu devido lugar.

E o FC Porto é o favorito?

Lembro-me de que, quando jogava, as equipas que não estavam no melhor momento eram as que ganhavam quase sempre os clássicos. Nestes jogos, a classificação não conta. Respeitando o Sporting, o nosso objectivo é fazer o melhor jogo possível e, claro, ficar com os três pontos.

E o eventual cansaço do Sporting pode ser uma vantagem?

Não acredito nisso do cansaço. Há quinze dias, quando defrontámos o Sporting, o FC Porto teve menos tempo de recuperação e conseguiu aquele resultado [5-2, na Taça]. Isso deveu-se ao mérito do FC Porto. No último mês e meio, o FC Porto já fez 14 jogos. Não temos tido tempo para treinar. Esta semana tivemos todos os dias para o fazer, mas foram mais treinos de recuperação do que propriamente outra coisa. Estamos em todas as frentes, tal como as grandes equipas europeias. Estou a falar do último mês e meio, mas podia falar dos últimos quatro anos, em que o FC Porto tem jogado à quarta e ao domingo. Ficaria mais triste se jogasse só aos domingos e se estivesse fora das grandes competições, como a Liga dos Campeões.

Atendendo à resposta da equipa, e também dos adeptos, após a divulgação dos castigos, pode falar-se num FC Porto diferente?

Tudo que se tem passado é estranho. Se o Hulk e o Sapunaru estivessem aptos, as dores de cabeça seriam do nosso treinador e não de outras pessoas. De um lote de 23 ou 24 jogadores, seria bom que estivessem todos disponíveis devido à quantidade de jogos. Têm acontecido coisas que são uma grande injustiça contra o FC Porto. Aliás, há momentos em que essa injustiça é tão grande que os jogadores vão buscar forças onde não as têm para mostrar a raiva que lhes vai no pensamento. É inaceitável o que está a acontecer ao Hulk e ao Sapunaru. Fico triste. Estava presente no túnel da Luz e não vi razões para um castigo tão grande. Mas, o FC Porto une-se mais. As pessoas tudo irão fazer para que as ausências do Hulk e do Sapunaru não sejam sentidas. Não há nada neste país que nos faça mudar o rumo, que é o de lutar com todas as forças para terminarmos em primeiro lugar.

Tomaz Andrade n' O Jogo.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Formação - resultados de hoje

Sub-13: Campeonato Distrital de Juniores D (I Divisão)
FC Porto-Grijó, 5-0
(Luís Mata, 14 e 45m; Juliano Camará, 27 e 49m; Ruben Neves, 41m)

Sub-12: Campeonato Distrital de Juniores D (II Divisão, Série 1)
FC Porto-Perosinho, 3-0
(Marcelo, 49m; Fábio, 59m; David, 61m)

Sub-11: Campeonato Distrital de Juniores E (Futebol de 7, Série 5)
FC Porto-Várzea, 20-0
(Hugo, 3; Pinhal, 4; Dylan, 2; Diogo, 4; J. Pedro, 2; Trincão, 3; Nuno Valente, 2)

Sub-10: Campeonato Distrital de Juniores E (Futebol de 7, Série 3)
FC Porto-Penafiel, 4-0
(António Mendes, 2; Fábio; Bernardo)

Capas de 27 de Fevereiro de 2010

Senhor professor

Há quem acuse Jesualdo Ferreira de ser conservador. Há quem diga que lhe falta audácia, que joga pelo seguro, que não arrisca. A verdade é que há quem diga montes de disparates simplesmente porque pode. Enquanto treinador de futebol, Jesualdo Ferreira terá alguns defeitos, mas, como comprovam os três títulos de campeão nacional, tem certamente muito mais qualidades. Uma delas, é a capacidade para retirar o melhor rendimento dos jogadores à sua disposição. Ao longo dos últimos anos passaram pelas suas mãos jogadores como Anderson, Pepe, Bosingwa, Quaresma, Lisandro, Lucho e Cissokho e todos, sem excepção, cresceram com ele. Foi Jesualdo Ferreira que ofereceu Bruno Alves, Rolando e Raul Meireles à Selecção Nacional. Foi ele quem recuperou Varela e o ofereceu à equipa das Quinas e é ele que se prepara para fazer o mesmo com Rúben Micael; E também foi ele que fez de Lisandro o avançado que hoje todos reconhecem e é ele que está a fazer o mesmo com Falcao. Sim, Jesualdo Ferreira pode não sorrir o suficiente, e pode ter um discurso denso e técnico, mas o título de professor fica-lhe muito bem.

Jorge Maia n' O Jogo.

19,6 milhões de lucro no primeiro semestre

A SAD do FC Porto apresentou ontem os resultados consolidados do primeiro trimestre do exercício de 2009/10 dando conta de um lucro de quase 20 milhões de euros (19,6 milhões de euros), muito acima dos 1,4 milhões negativos registados no período homólogo do exercício de 2008/09. Para estes números contribuiu decisivamente o aumento dos resultados com transacções de passes de jogadores, que incluem as transferências de Lisandro, Cissokho, Ibson e Paulo Machado. No total, as transacções de passes de jogadores atingiram os 31,8 milhões de euros, bem acima dos 18, 6 milhões do exercício anterior. Registe-se ainda o crescimento dos proveitos operacionais através do aumento das receitas provenientes da participação na Champions, beneficiando a SAD da atribuição do total do Market Pool português. Dados que, a par da diminuição dos custos, nomeadamente através da redução dos custos com salários de jogadores, permitiram à SAD registar um resultado líquido de 19,6 milhões de euros. Um resultado que permitiu o reforço dos Capitais Próprios para 41,1 milhões de euros, mais de metade do capital social da SAD que, assim, fica ao abrigo do artigo 35º do Código das Sociedades Comerciais. A SAD também reduziu o passivo em 12,1 milhões de euros, fazendo crescer o activo em 7,6 milhões através do investimento em novos jogadores como Falcao, Álvaro Pereira, Varela, Belluschi, Valeri, Prediger, Orlando Sá, Rúben Micael e Addy.

N' O Jogo.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Convocados

Selecção A: Bruno Alves, Rolando, Raul Meireles, Varela.
Sub-23: Rúben Micael.

Capas de 26 de Fevereiro de 2010

Nada ao acaso

Esta jornada é decisiva para o FC Porto. Aliás, sem margem de erro na luta pelo título, todas as jornadas são decisivas para o FC Porto, mas esta será particularmente complicada. Como é que eu sei? Porque a Comissão de Arbitragem o tornou evidente ao nomear, para os dois jogos mais importantes da ronda - o Braga que me desculpe, mas é o único candidato ao título que joga em casa -, nada menos que João Ferreira e Lucílio Baptista. Ora, é evidente que tanto João Ferreira como Lucílio Baptista são dois homens em quem Vítor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem, tem a mais completa e cega confiança. São os eleitos para as tarefas mais complicadas, as que exigem os homens certos no lugar certo. Foram eles os escolhidos para o clássico da Luz entre o Benfica e o FC Porto, onde ambos se revelaram decisivos durante e após o jogo. E é por serem dois homens em quem Vítor Pereira confia cegamente para os trabalhos mais exigentes que ambos vão estar em campo esta jornada. João Ferreira vai a Alvalade apitar o clássico onde o FC Porto joga uma parte significativa da temporada, Lucílio Baptista vai ao Leixões dirigir aquela que costuma ser uma deslocação complicada para o Benfica. É caso para dizer que Vítor Pereira, à semelhança de outros presidentes, de outras comissões, não deixa nada ao acaso...

Jorge Maia n' O Jogo.

As mãos de Pilatos

POR razões de elementar bom senso, não assisti ao espectáculo televisivo do Senhor Doutor Ricardo Costa. Dizem-me que a melhor forma de lidar com exibicionistas é não olhar, virar as costas e continuar a andar.
Não fiquei surpreendido que com o seu pouco convincente lavar de mãos, ao tentar invocar leis e regulamentos para explicar o inexplicável. Como aqui escrevi, logo que o caso foi conhecido, e não tive de esperar pelas doutas opiniões que entretanto se conhecem e apontam no mesmo sentido, nada na lei diz que os assistentes de recinto desportivo são agentes desportivos. Bem pelo contrário, e não apenas pela natureza das suas funções, mas também porque são funcionários escolhidos pelo clube organizador, que nem sequer estão sob a alçada da justiça desportiva.

O problema não está pois na lei, por imperfeita que ela seja: está na forma como a CD da Liga a interpreta, como se comprovará em sede de recurso. Se assim não fosse, estaria criado um perigoso precedente, e todos podemos imaginar o que aconteceria, doravante, nos túneis. Se um steward não se limitasse a provocar, a fazer ameaças, a criar enormes confusões e a causar a queda de pessoas, como comprovadamente aconteceu na Luz, e partisse para a agressão a um atleta, o que sucederia então?

Acho bem que se punam os jogadores que prevaricaram, mas conhecida a prova — e foram precisas 120 páginas para concluir que os stewards estavam lá para provocar desde início e, apesar de alertados até por Rui Costa, foram eles que deram causa a tudo — fiquei a perceber que, para a CD da Liga, qualquer arruaceiro contratado para steward deve ser protegido como se fosse árbitro ou dirigente, mesmo quando estava num local que lhe era vedado e onde nada tinha que fazer.

Aliás, e por falar em arruaceiros, recordo que os responsáveis da empresa de segurança que tem contrato com o Benfica garantiram que os seus funcionários «foram agredidos no correcto desempenho das suas funções». Não é isso que se lê no acórdão. Será que a Prosegur apenas tentou branquear a actuação dos seus funcionários, ou acreditará que a actuação deles foi a correcta? E colaborou ou consentiu com o que se passou no túnel? Neste caso em que já há um Pilatos, a empresa, licenciada para tarefas tão sensíveis como a segurança dos aeroportos, deveria dar um esclarecimento inequívoco.

Toda esta cena não causa estranheza a quem conhece os antecedentes do palavroso justiceiro. Não admira, sequer, que tenha tantos adeptos e defensores, facilmente conotados com um clube que quer ganhar na secretaria, e que agora aparecem com textos encomendados em que tentam fazer passar opiniões alheias como se fossem o texto da lei. O que não conseguem evitar, com essa defesa, é que muita gente pense que, como Luís Sobral escreveu, doravante «a Comissão Disciplinar poderá sempre ser acusada de ter contribuído para decidir o campeão em 2009/10».

Os batoteiros
DURANTE a semana, houve um coro afinado a sugerir que o FC Porto iria facilitar a vida ao Sp. Braga. Ignoravam que o FC Porto não reside no Estoril, que é um clube exigente e tem jogadores bravos que sabem muito bem o que está a acontecer. Por isso, empenharam-se em responder à insídia, vencendo uma partida bem disputada contra outro candidato ao título. Se o Braga perdeu com honra, os batoteiros foram rotundamente derrotados com o ruir da sua tese da santa aliança. Aliás, a fragilidade dos batoteiros é a de imaginarem que os outros precisam dessa arma. É por isso que, acabado o jogo, logo viraram as armas da insídia para Domingos, insinuando que fez um frete ao FC Porto.

'Scripts' alternativos
A mesma gente que encobriu e branqueou o Estorilgate, que achava que o FC Porto iria facilitar a vida aos bracarenses, finge agora acreditar que Domingos foi ao Dragão para ajudar o FC Porto. Pouco lhes importa se o jogo foi bom ou foi mau, se os jogadores tiveram mérito, se o Braga estava condicionado pelos castigos do justiceiro. Nada disso é relevante. No fundo, já tinham dois scripts alternativos. Se o Braga ganhasse, diriam que o FC Porto facilitara. Como o FC Porto ganhou, dirão que foi o Braga que não se empenhou. Pelo caminho, tentam achincalhar Domingos Paciência que os irrita particularmente, por ser um homem sério, honesto e humilde, mas que não esquece as suas origens.

A toupeira
SEGUNDO a enciclopédia, as toupeiras são animais mamíferos e peludos que vivem no subsolo, enterrados em tocas e galerias. Alimentam-se de minhocas da terra, e complementam esta dieta com insectos e com as suas larvas. Não têm orelhas externas e, devido ao seu modo de vida, são total ou parcialmente cegas. As toupeiras são uma praga, porque danificam os relvados com os túneis que escavam. No futebol doméstico, este é o ano da toupeira. Estamos no ano da cegueira selectiva, no ano dos túneis escavados que danificam os relvados e que condicionam o que lá se desenrola. O futebol português precisa, urgentemente, de uma fumigação intensiva, que o livre desta terrível praga.

A moral de Vata
Écerto que o livre indirecto de Ruben Micael, que resultou em golo contra o Arsenal, ficará nos anais da Liga dos Campeões. O jogador aproveitou, e bem, a situação, e foi por isso que aqui escrevi que foi esperto. Pois o Senhor Cruz dos Santos, que tem toda a razão quando refere que o árbitro não aplicou a recomendação ao não dar tempo para a formação da barreira mas não consegue dizer que o golo foi ilegal, não terá gostado do que escrevi e, sob o título «Esperteza ou deslealdade?», explica que, para ele, esperteza é sempre deslealdade. Deveremos, então, concluir que a lealdade é incompatível com a esperteza? É uma questão que, por respeito à pessoa em causa, me dispenso de analisar.

Rui Moreira n' A Bola.

Devolver a bola ao campo

O historial do túnel da Luz merece que as visitas guiadas ao estádio do Benfica o incluam como suplemento inevitável e muito valorizado pelos seus turistas. «Foi aqui», dirão os guias, aos visitantes comovidos. O que já escrevi sobre o filme que circulou pelas televisões bastava-me; o extraordinário peso do castigo aplicado aos jogadores também não surpreendeu — esperava-se mão pesada por parte da CD da Liga, como estava prometido pelo seu historial.
No entanto, é impossível deixar passar em branco o lamentável espectáculo de exibicionismo justiceiro protagonizado pelo meirinho de serviço. Não só quis exibir o seu poder, convocando os holofotes das televisões, mas também mostrar ao país que um castigo — aplicado aos atletas do FC Porto — merece festa e deve passar como um aviso. Evidentemente que posso discutir o pormenor da presença dos stewards naquele espaço e da provocação que decerto eles protagonizaram, mas o caso não é esse. O caso é que o 'país futebolístico' já não é surpreendido por estes excessos. Fazem parte do cenário rocambolesco em que as coisas andam a decorrer.

Uma das explicações tem a ver com o ressentimento (sempre mesquinho e infantil — o dr. Freud explica) contra dois jogadores e um clube. Trata-se, naturalmente, de um problema de personalidade ou de matéria sociológica. A inveja faz mal à razão; mas a arrogância completa o quadro. E o resultado não se recomenda.

Outra explicação tem a ver com a quantidade de juristas e legisladores que andam à volta do futebol. Não sei — mas suponho que sim — se as nossas leis apenas respeitam o cânone internacional e a legislação da UEFA e da FIFA. Mas a vontade de legislar, criar trapalhadas processuais, artigos de excepção e armadilhas legais é demasiada. E faz desconfiar (regulamentos mais simples seriam mais úteis, mas tirariam protagonismo a esta gente) da sua eficácia — e, evidentemente, da justiça. Devolvam, pois, o futebol ao estádio. Não ao túnel.

Francisco José Viegas n' A Bola.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Capas de 25 de Fevereiro de 2010

Rivalidade bipolar

A rivalidade é bipolar: tem um lado mau, feito de agressividade e polémicas e, nos casos mais extremos, violência; mas também tem um lado bom, feito de concorrência e competição e, nos casos mais extremos, excelência. Ora, a rivalidade entre FC Porto e Benfica está num dos seus pontos mais altos dos últimos tempos. Há sinais disso na agressividade de algumas declarações, nas polémicas que crescem à sombra dos túneis e até nos felizmente pontuais casos de violência, como foi o do apedrejamento do carro de Pinto da Costa, quando os portistas foram jogar ao Estoril. Mas também há sinais disso nas goleadas que o FC Porto impôs ao Sporting na Taça e ao Braga no campeonato, e nas que o Benfica usou para bater o Hertha de Berlim na Liga Europa e o Sporting na Taça de Liga. Há sinais de rivalidade na excelência do futebol que tanto o FC Porto como o Benfica têm praticado e na qualidade dos espectáculos que têm oferecido ao público português. Há sinais de rivalidade nesta espécie de braço-de-ferro à distância que leva os jogadores das duas equipas a superarem-se a cada jogo para marcarem só, só, só mais um. No fim, só uma das equipas vai ganhar, mas até lá quem ganha somos nós, que gostamos de futebol.

Jorge Maia n' O Jogo.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Capas de 24 de Fevereiro de 2010

Falta de prática

Jesus disse que o Benfica está cansado de ganhar. É normal. O facto é que nos últimos anos, os encarnados não têm tido hipótese de treinar muito isso de ganhar e estas coisas também exigem prática. No FC Porto, por exemplo, ninguém está cansado de ganhar. Claro que nos últimos quatro anos, o FC Porto ganhou quatro vezes o campeonato nacional, ganhou uma vez a Taça de Portugal, ganhou duas vezes a Supertaça e ainda ganhou o direito a disputar quatro vezes a Liga dos Campeões, garantindo em duas delas a presença entre as oito melhores equipas europeias. Lá está, o FC Porto treina isso de ganhar regularmente e assim se explica por que nunca se ouviu Jesualdo Ferreira, ele próprio tricampeão nacional, dizer que estava cansado de o fazer. Ora, se calhar, foi por estar cansado de ganhar que Jesus quis ter um fim-de-semana retemperador e torceu pelo Braga no jogo com o FC Porto. Por isso, ou por lhe incomodar mais uma equipa habituada a ganhar a seis pontos, do que com uma sem prática apenas a um.

Jorge Maia n' O Jogo.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Capas de 23 de Fevereiro de 2010

Anjo ou Diabo?

É verdade que só se conseguia ver em alta-definição, num daqueles "elecêdês" gigantescos que custam tanto como uma casa, mas houve alguns privilegiados que conseguiram testemunhar a aparição: por cima da cabeça de Ricardo Costa, presidente da Comissão Disciplinar da Liga, a poucos centímetros do cabelo impecavelmente penteado, pairava uma auréola luminosa durante a conferência de Imprensa em que anunciou os castigos aplicados a Hulk e Sapunaru. Menos perceptíveis eram as asas, mas há quem garanta que estavam lá, esmagadas pelo fato e os mais atentos asseguram que até estremeceram quando, pio, disse que a moldura penal não era razoável, por ser muito pesada e excessiva. Coitadinho: ele não queria suspender os jogadores por tanto tempo, mas teve de ser. Claro que teve de ser porque ele quis considerar os "stewards" intervenientes no jogo, apesar de inúmeros especialistas considerarem o contrário. Ora, sendo a lei ambígua, bastava que tivesse optado por um enquadramento diferente para não ter de ficar tão contrariado por aplicar penas tão claramente injustas, excessivas e desproporcionais. Claro que depois não podia fazer beicinho em directo. E não sei se era capaz de passar sem isso...

Jorge Maia n' O Jogo.

Da (in)justiça

ALGUÉM descobriu que Shakespeare é o que é porque era capaz de atirar a alma para um corpo qualquer e de imediato possuir-lhe sentimentos, apanhar-lhe paixões, escrevê-los. Também acho. Talvez por isso tenham andado pela minha cabeça personagens suas, a cruzarem-se umas nas outras — enquanto o dr. Ricardo Costa falava, pomposo, na TV. Quando ele, altivo, desdramatizou os «35 dias úteis» da suspensão preventiva de Hulk e Sapunaru — e reafirmou que o processo até fora «célere e sem tempos mortos», lembrei-me da Violeta da Noite de Reis murmurar:
— Quem sabe brincar com as palavras, depressa as torna atrevidas...

Quando ele, enleante, embrulhou os stewarts no papel (esfíngico) de agentes desportivos, para moldar as penas que moldou, lembrei-me do Holofernes de Canseiras de Amor em Vão traçar Adriano em cínico trejeito:

— Ele puxa pelo fio da verborreia até o pôr mais fino do que a fibra do seu argumento...

Quando ele, em caramunha, admitiu que quatro e seis meses até poderiam ser penas desproporcionadas e injustas, mas que não fizera a lei, simplesmente a aplicara, lembrei-me do fragor da Constança de Rei João:

— Quando não pode a lei fazer justiça é legal impedir que seja injusta...

Quando parei a matutar: se a lei é desproporcionada e injusta e a responsabilidade dela é dos clubes, porque é que o dr. Ricardo Costa não se demitiu para não a aplicar — despropor- cionada e injusta? – ao fundo do pensamento, pareceu-me ver Bassânio de O Mercador de Veneza, a desenvencilhar-se numa nuvem de fumo:

— Em questões da justiça qual é a causa ruim e impura que uma voz persuasiva não possa salvar?

Dois dias depois – percebi que continuava a haver futebol para lá de túneis e sofismas. Foi quando o FC Porto fez o que fez ao Braga, num jogo em que não jogou só no campo, jogou sobretudo na alma – começando logo a ganhá-lo nas palavras de Nuno Espírito Santo e nas lágrimas de Hulk...

António Simões n' A Bola.

Futebol é isto, o resto são Calabotes

ESCREVI no meu último texto que esta semana que passou iria ser decisiva para o futuro próximo do FC Porto, com os dois jogos contra o Arsenal de Londres e o de Braga e a iminente leitura da sentença que o Justiceiro congeminava para Hulk e Sapunaru. Mas acrescentei que é justamente nestas alturas que o clube e a equipa se agigantam. E assim foi: no que dependia da equipa, os resultados foram os melhores; no que dependia dos seus inimigos, foram maus, claro, bem piores do que a vergonha permitiria supor. Sigamos, então, a ordem destes cinco dias vertiginosos para os portistas.
FOI um jogo magnífico na primeira parte e terrível na segunda. O Arsenal, mesmo desfalcado de jogadores como Almunia, Arshavin ou Van Persie, é uma equipa fabulosa — como rapidamente se pôde ver no tapete do Dragão. E só foi pena que o FC Porto, mais uma vez, tenha começado por perder dois golos logo de entrada, porque não aparecem oportunidades assim contra equipas destas em todos os jogos. Mas, no resto, o FC Porto fez um jogo tremendo — de esforço, de bom futebol, de capacidade de resistência e de jogar a um ritmo que diz muito do profissionalismo com que se trabalha naquela casa: nenhuma outra equipa portuguesa, como se tem visto ao longo dos últimos anos, é capaz de sustentar um jogo a este nível e disputá-lo do primeiro ao último minuto.

O FC Porto acabou por ter a sorte do jogo na forma como obteve os seus dois golos (o segundo, digo--o contra nós, não deveria ser permitido — embora o Bayern também já nos tenha eliminado assim uma vez). Mas em campo esteve, pela primeira vez, aquele que considero, jogador por jogador, o melhor onze possível. Todavia, acusando e muito a debilidade física e falta de ritmo de jogo de alguns regressados: Raul Meireles, Fernando, Hulk. Para além disso, repetiu-se essa estranha debilidade no jogo aéreo estático do centro da defesa portista, a permitir o golo do Arsenal (como depois permitiria igualmente o do Braga): é muito estranho como é que Rolando e Bruno, imperiais no jogo aéreo em movimento, se tornam vulneráveis nas bolas paradas pelo ar…

Mas há ali à solta um trio de luxo neste FC Porto, que tem conseguido ultrapassar castigos e lesões, sobrecarga de jogos e ausência de um banco à altura: é o trio Álvaro Pereira, Ruben Micael, Silvestre Varela. Seguramente, que Carlos Queiroz está atento aos dois últimos; seguramente que o CD da Liga está atento a todos eles e mais o Falcao. Vai ser preciso ultrapassar sarrafadas, emboscadas em túneis e árbitros comanditados. Não vai ser fácil, não — assim como não vai ser fácil segurar esta débil vantagem em Londres, dentro de quinze dias. Mas, pelo menos, os outros que têm chegado à Liga dos Campeões quase sempre exclusivamente por mérito nosso, podem-nos agradecer mais dois pontos arrecadados para o ranking da UEFA. Vá lá, agradecem, que só vos fica bem.

APESAR de todo o seu gosto pelas encenações grandiosas, apesar da sua retórica pseudo-jurídica para parolos e ignorantes, o Dr. Ricardo Costa é demasiadamente previsível. O homem tem uma obsessão, que não há como esconder: perseguir o FC Porto, como ninguém mais. Debalde, se tentará embrulhá-la em sinuosas teses jurídicas, que a ignorância jornalística ou a má-fé militante consentem apadrinhar. Facto é que todas as suas teses de direito acabam derrotadas por quem de direito: quis pôr o FC Porto fora da Europa e da primeira Liga e acabou posto no lugar pelo Comité de Disciplina da UEFA; mandou silenciar Pinto da Costa por dois anos e acabou enxovalhado pelos tribunais, que reduziram a nada o suposto crime e os supostos factos pelos quais ele condenou o presidente do FC Porto; e agora, retirou a dois profissionais de futebol o direito ao trabalho por uma larga temporada, e mais tarde será, obviamente, desautorizado. O problema é que, enquanto pode e o deixam, enquanto inventa teses jurídicas e não é posto na ordem por quem o pode fazer, ele causa danos — e esse é o resultado prático da sua «justiça».

As teses jurídicas do Dr. Ricardo Costa fazem-me lembrar o que se contava na minha Faculdade de Direito de Lisboa, a propósito da tese de doutoramento do professor Soares Martinez. Contava-se (não sei se como lenda ou verdade) que, depois de o ouvir dissertar, o Professor Marcelo Caetano, arguente da tese, lhe disse: «A sua tese tem partes boas e partes originais. Infelizmente, as partes boas não são originais e as originais não são boas».

O mais original (e previsível) da última tese jurídica do Dr. Ricardo Costa é a doutrina que ele acaba de criar de que os seguranças contratados por um clube — sem acreditação da Liga nem sujeitos à sua alçada disciplinar — são «agentes desportivos». Porque, repito-o mais uma vez: A LEI NÃO DIZ QUEM SÃO OS AGENTES DESPORTIVOS. E, de forma alguma sugere ou permite concluir que os seguranças o sejam: quem o diz é o Dr. Ricardo Costa. E di-lo, porque essa sua original interpretação da lei é a única que permite retirar dos relvados por uma temporada absurda dois jogadores do FC Porto. Por isso, quando ele se escuda na «dura lex, sed lex» para justificar o injustificável, estamos perante um vulgar exercício de malabarismo: a lei não diz nem permite inferir aquilo que o Dr. Ricardo Costa afirma que ela diz. A lei não é ele e isto não é o Texas.

Se, como ele sustenta, os seguranças (cuja única missão é vigiar o público, e não vigiar jogadores, fazer-lhes uma espera em atitude de desafio dentro do túnel e provocá-los quando eles vão para a cabina) são «intervenientes no jogo», então toda a gente que está no estádio é interveniente no jogo. Desde logo, os próprios espectadores — que, ao contrário dos seguranças (que passam o tempo todo de costas viradas ao jogo), puxam pela equipa da casa, vaiam os adversários, pressionam o árbitro, etc. E os apanha-bolas, que muitas vezes demoram ou apressam a reposição das bolas em jogo, conforme o interesse da equipa da casa. E os polícias, os arrumadores, os vendedores dos bares, os tratadores da relva, os que cuidam da iluminação, os jornalistas, os fotógrafos de campo.

Toda esta gente, segundo a brilhante tese do Dr. Ricardo Costa, são «intervenientes no jogo» e «agentes desportivos». Têm direito a um tratamento VIP, que até contempla um estatuto excepcional de direitos sem deveres: eles são intocáveis, para efeitos disciplinares de quem se atreva a tocar-lhes; mas são, simultâneamente, impunes e irresponsáveis, se forem para o túnel provocar desacatos ou até agredir jogadores e dirigentes. É isso que justifica que o Javi García, à vista de 50.000 pessoas no estádio e um milhão em casa, possa enfiar dois pontapés num adversário e continuar a jogar, enquanto espera pela decisão de um «sumaríssimo» que, na pior hipótese, o vai suspender por dois ou três jogos; mas o Hulk e o Sapunaru, que responderam a uma provocação num túnel e, no meio da confusão geral, terão dado respectivamente, um e dois murros num segurança, à vista de meia-dúzia de pessoas (e muito gostaria eu de saber como foi feita a prova…), esses, ficam preventivamente suspensos durante dois meses e depois levam 25 e 35 jogos de suspensão. Repito: quem permite isto não é a lei: é a interpretação que dela quis fazer o Justiçeiro. E que já se adivinhava desde o primeiro dia — bastando para tal ler o tom eufórico da imprensa desportiva lisboeta.

Porque isto é tão escandaloso, tão chocantemente evidente, julguei que, mesmo com as rivalidades e ódios exacerbados, quem quer que goste de futebol se indignaria. Mas, não: um tal Dr. Pragal Colaço, jurista, e um tal Araújo Pereira, humorista, ainda estranharam a benevolência e as «atenuantes» que o Dr. Ricardo Costa, compungidamente, enunciou. É assim, sem disfarce, que aspiram a ser campeões.

ELES jogam nos túneis, nós jogamos no campo. E, por isso, senhoras e cavalheiros, servimo-vos esta noite o melhor jogo de futebol a que este campeonato já assistiu. Porque, por mais que eles inventem apitos e carolinas e paixões e ricardos, nós respondemos sempre no campo, à vista de quem quer ver, à vista de quem gosta mesmo de futebol. Nestas ocasiões, é hábito deles sugerirem que vamos facilitar, só para dificultar a vida aos rivais. Assim foi há dois anos, quando o Guimarães era «amigo» e disputava uma vaga na Liga dos Campeões com o Sporting: fomos lá e demos-lhes cinco. Agora, também as Virgens da Verdade Desportiva insinuavam que iríamos facilitar contra o «amigo» Sporting de Braga: demos-lhes cinco e podiam ter sido sete ou oito.

Tenho tanto orgulho em ser portista!

Miguel Sousa Tavares n' A Bola.

Liga Sagres - Classificação

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Liga Sagres - Porto vence

FCPorto 5 - Braga 1.










Capas de 21 de Fevereiro de 2010

Revoltados

Revoltados, magoados e indignados. É desta forma que o plantel do FC Porto se diz sentir com os castigos aplicados a Hulk e Sapunaru pela Comissão Disciplinar da Liga de clubes. Nuno, um dos capitães do campeão nacional, foi o porta-voz do sentimento que se vive no Dragão, tendo discursado ao lado do restante plantel, treinadores e staff médico. "Estamos indignados e revoltados com as últimas ocorrências no futebol português. O que se está a passar recentemente magoa-nos; magoa pessoalmente o Hulk, magoa o Sapunaru que não está aqui hoje. Por isso, queremos manifestar a nossa solidariedade para com eles. Não há ninguém, mas ninguém, que nos tire do nosso rumo ou que nos vá fazer desistir do nosso objectivo." E esse ficou subentendido: a conquista de mais um campeonato, no caso o quinto consecutivo. Nuno foi ainda mais longe e pediu respeito pelo clube. "Somos tetracampeões e merecemos respeito pelo que conquistámos. E vamos voltar a ganhar. Juntos, sempre juntos, vamos voltar a ganhar! Não há ninguém, repito, ninguém, nem injustiça nenhuma, que nos retire a união de grupo; estamos mais unidos a cada dia que passa, a cada treino, a cada jogo", referiu.

Numa declaração sem direito a perguntas - e que substituiu a conferência de Imprensa de Jesualdo Ferreira -, o guarda-redes do FC Porto optou por concluir com uma mensagem - mais uma - de optimismo relativamente ao futuro do FC Porto no campeonato. "Por último, gostava de deixar uma mensagem aos nossos adeptos, mas também à administração da SAD, ao staff, aos jogadores, ou seja, a toda a gente que gosta do FC Porto: somos Porto, continuaremos a ser Porto e vamos ganhar. Sempre e cada vez mais. Não se esqueçam disto. Esta é a nossa mensagem de indignação, porque estamos a ser vítimas."

Nuno esteve acompanhado na mesa do auditório do Dragão por Hulk e o capitão Bruno Alves.

Pedro Marques Costa n' O Jogo.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Comunicado da FCPorto - Futebol, SAD

Após visionamento da lauta conferência de Imprensa do presidente da Comissão Disciplinar da LPFP, vem a Administração da FC Porto – Futebol, SAD salientar o seguinte:

1 – O show off televisivo promovido, uma vez mais a expensas exclusivas do FC Porto, é um procedimento folclórico. Regista-se que só quando a CD da LPFP emite acórdãos que envolvam directa ou indirectamente o clube, sinta a necessidade de prestar contas ao mundo do futebol. Sigmund Freud já explicava esta expiação no início do século passado;

2 – No decorrer desse circo mediático, o presidente da CD da LPFP sublinhou o seu dever de neutralidade, desdizendo a parcialidade apregoada em entrevista recente ao jornal Record, escudando-se em regulamentos e esquecendo a boa ou má fé de quem tem o dever de os interpretar;

3 – O seu discurso, aparentemente sério e objectivo, não ilude a sua antiga atracção pelas câmaras. Apesar da verborreia elaborada, o essencial ficou por abordar: o que é um interveniente no jogo? E porque não comentou o parecer, junto aos autos, de reputado especialista em Direito Desportivo, Prof. Dr. Leal Amado, nem a opinião escrita e falada do Dr. José Manuel Meirim, que asseveram que os Assistentes de Recinto Desportivo não são intervenientes no jogo;

4 – Dissipada esta cortina de fumo, que esconde a questão basilar, resta perguntar ao presidente da CD da LPFP se os maqueiros, os bombeiros, os apanha-bolas, os jornalistas e, até, os vendedores de gelados e de algodão doce, são igualmente intervenientes no jogo, tal como os treinadores, adjuntos, médicos e dirigentes;

5 – Se convocou a Comunicação Social para dizer ao país aquilo que toda a gente já sabia - os atletas do FC Porto reagiram como qualquer bom chefe de família, depois de verbalmente provocados e fisicamente empurrados como gado, por seguranças privados travestidos com um colete -, mais valia que tivesse trancado a vaidade no gabinete, cingindo-se ao recato de um julgador;

6 – Se esta moda pega…;

7 – A louvada autonomia e celeridade apenas serve para mascarar a evidência, sancionada por todos os especialistas em direito: os ARD não são intervenientes no jogo, com reflexos abissais na moldura disciplinar acabada de aplicar;

8 – A consequência prática deste malabarismo é transformar uma moldura penal de um a quatro jogos em degredo desportivo (quatro e seis meses);

9 – A verdade desportiva também não passou por aqui…;

10 – Obviamente, os jogadores Givanildo Vieira de Sousa (Hulk) e Cristian Ionut Sapunaru vão recorrer ao Conselho de Justiça da FPF para reparação de tão grosseira leviandade;

11 – Quanto ao «rebuçado» do Helton, o futebol português, estamos certos, não o vai desembrulhar… 

Porto, 19 de Fevereiro de 2010

O Conselho de Administração da FC Porto – Futebol, SAD

Capas de 19 de Fevereiro de 2010

Para lá do relvado

QUANDO estalou o pífio Apito Dourado, que por certas conveniências apontou numa única direcção, apurando factos que nada têm de elogiáveis e olvidando sintomas idênticos noutras bandas, pressagiei que, independentemente das questões jurídicas, o processo teria, a prazo, consequências graves para o FC Porto. Temi que os árbitros ficassem condicionados pela onda de suspeição, o que se confirmou nessa época de 2004/2005 em que, na dúvida, o FC Porto foi sempre prejudicado.
Nas épocas seguintes, o FC Porto beneficiou de um contexto favorável por falta de concorrência. A gestão desportiva do Benfica foi o que se sabe, principalmente depois do despedimento de Fernando Santos, e faltavam argumentos ao Sporting, apesar dos méritos de Paulo Bento. Sabia-se que esta época tudo seria diferente. O Benfica deixara-se de espanholices e escolhera um treinador competente. Além disso, e como antecipei em Julho, «este é o ano de todos os perigos porque o investimento sucessivo que o Benfica tem vindo a fazer implica que consiga resultados e que faça os possíveis, e até os impossíveis, para conseguir retorno».

Infelizmente, esses «impossíveis» são perceptíveis e inegáveis. Enquanto o Benfica é a equipa que mais beneficiou com expulsões de adversários, que jogou mais minutos em superioridade numérica e que tem o maior número de penalties assinalados a seu favor, o FC Porto teve cinco golos mal anulados. É verdade que sempre houve Paixões, Ferreiras e Lucílios mas esta época, os «erros» foram muito mais do que o costume, e tiveram maior impacto graças às nomeações cirúrgicas. Este fim-de-semana, tivemos mais um exemplo descarado desses critérios: seis dias depois da sua desastrada exibição em Belém, num jogo igualmente decisivo, o herói de Campomaior seria o eleito para arbitrar o FC Porto e viu-se o que sucedeu.

Para além da dualidade de critérios da Comissão Disciplinar e da Comissão de Arbitragem da Liga, há também um sector maioritário da comunicação social que alinha pelo mesmo diapasão. Veja-se, por exemplo, como o golo do Braga contra o Marítimo mereceu as primeiras páginas por, no início da jogada, a bola ter saído pela linha lateral. Ora, o mesmo sucedera com o único golo do Benfica contra o FC Porto no Estádio da Luz, que fora precedido por um fora-de-jogo evidente. Nessa altura, como se recordam, imperou «o senso comum», e descartou-se o nexo de casualidade entre essa infracção e a concretização do golo, no seguimento da jogada.

Temo, por tudo isso, que o FC Porto esteja arredado do título. É certo que as exibições não encantam os adeptos, e não se pode culpar terceiros por tudo quando os jogadores são displicentes e perdulários, ou quando o treinador não é ousado. Ainda assim, e perante tantos obstáculos, nem o melhor e mais infalível FC Porto teria sido capaz de liderar este campeonato.

O coro encarnado
NUM comovente e afinado coro, alguns benfiquistas saíram a terreiro para invocarem que se o caso Calabote interessa aos portistas é porque, desde então, não terão tido outras razões de queixa. Não sei se conhecem os casos de Reinaldo Silva e de Porfírio Silva, também eles irradiados por beneficiarem o Benfica e prejudicarem o FC Porto, ou se esses escândalos foram tão óbvios que não suscitam interesse. Infelizmente, o recurso sucessivo a Bruno Paixão em jogos decisivos, demonstra que não é preciso recorrer à história longínqua e aos tempos do antigo regime para encontrar exemplos flagrantes de árbitros que sofrem de «condicionalismos inaceitáveis», para usar as crípticas palavras de Coroado.

O silêncio
JESUALDO não tem poupado a arbitragem a críticas, mas é uma voz isolada, desempenhando um papel que não lhe assenta bem. Não entendo a estratégia de comunicação do clube. Ante os castigos, a morosidade da justiça, as nomeações a pedido e as arbitragens escandalosas, remete-se a um silêncio sepulcral, apenas interrompido para criticar os jornalistas e zurzir no imaginário «inimigo interno». Durante anos, habituamo-nos a ouvir a voz de Pinto da Costa, sempre que o FC Porto era prejudicado. Com o presidente amordaçado pelo castigo, que a interpretação do justiceiro vermelho transforma numa sentença perpétua, é preciso encontrar alguém que tenha a coragem e o talento para falar em seu nome.

Imaginações
A última tese da treta é a de que o FC Porto está interessado na carreira do Sporting de Braga, como se o título pudesse ser ganho por interposta entidade. Ora, para que fique claro, reconheço que os bracarenses têm tido o mérito de lutar com armas desiguais e de levar, ainda assim, a melhor. Além disso, como não gosto de jogos de secretaria, acho que o castigo a Vandinho é injusto, tendencioso e vergonhoso, mas não será por isso que deixarei de apontar, também, todas as circunstâncias em que os bracarenses forem beneficiados pela arbitragem. Quero que o FC Porto ganhe, este fim-de-semana, com mérito e lisura e, se o deixarem, possa lutar pelo título até ao fim do campeonato.

Golos incríveis
OFC Porto ganhou ao Arsenal num jogo estranho, com golos insólitos. Se o golo de Varela resulta de um frango descomunal, o empate ocorreu numa jogada consentida e só tolerável no futebol de praia, enquanto o desempate é obra de um jogador inteligente e de um árbitro desatento, a lembrar um colega russo que permitiu, há anos, e em iguais circunstâncias, que o Bayern eliminasse o FC Porto. Veremos o que acontece em Londres, onde, sinceramente, espero que a inteligência de Rúben inspire toda a equipa e o treinador. Não consigo entender, apesar do bom resultado, que tenha sido esperar pelas cãibras para determinar a tardia substituição de um jogador injustiçado mas sem rotinas de jogo.

Rui Moreira n' A Bola.

Às vezes funciona...

UM dos métodos mais ilustres e definitivos de calcular a eficácia de uma equipa é avaliar o plantel escolhido. Como treinador de bancada, sigo-o sempre que posso. Às segundas-feiras, então, é infalível. O Jesualdo meteu o Guarín? Pois, foi o que se viu. Nos últimos três meses o refrão voltava-se contra Mariano, o empregado de mesa. Contra Tomás Costa, valha a verdade que desde que deixou crescer o cabelo não cometeu tantos dislates, a provar que os cabeludos de antigamente não eram mal escolhidos, se bem que a barba de Ernesto Farías merece reparo. Mas olha o Belluschi, com aquela poupa topa, como se cavalgasse pelos pampas...
Acontece que, um dia, o treinador de sofá perde de goleada quando entram no relvado, ao mesmo tempo, todos os defeituosos, coxos e extravagantes. Aí, o treinador de sofá arrepela os cabelos e torce-se na bancada (a minha cadeira fica em declive, tremendo). E não é que aquilo funciona mesmo? E não é que Mariano marca, corre, empurra, salta e sorri? E não é que Tomás Costa consegue fazer duas assistências sem tropeçar no salto alto?

Infelizmente, esta derrota do treinador de sofá (ou de bancada) não dura muito. Dois jogos depois, a mesma família de foragidos entra em campo e o resultado é totalmente contrário. É isso que tem sido a minha vida: a ver que os mesmos processos (o termo de Jesualdo) e idênticas peças (o termo de Karpov, parece) produzem resultados delirantes e contrários. Porque empatámos com o Leixões? Porque não funcionou. Porque ganhámos ao Nacional? Porque funcionou.

De resto, para os mais descrentes e reticentes, aviso que um golo destes, o de Radamel Falcao a passe de Ruben Micael, não é de todos os dias. Foi assim que o Arsenal marcou ao Chelsea; foi assim que um dia fomos eliminados pelo Bayern. Entramos na alta-roda do futebol europeu. Foi pena não ter sido depois dos noventa.

Francisco José Viegas n' A Bola.

Rúben Micael: antes e depois

Compreendo que Jesualdo Ferreira, na gestão de egos do plantel, não possa ou não queira assumir que há um FC Porto pós-Rúben Micael. Mas há. Está à vista de todos, com um detalhe que reforça a importância do que tem feito: Rúben não se afundou no meio das oscilações de rendimento dos portistas, queimando etapas de adaptação, e também eventuais desconfianças, a uma velocidade notável. Uma coisa seria encaixar-se numa dinâmica que já funcionava sem falhas, o que não era o caso. O FC Porto desta época, sobretudo no meio-campo, tinha falhas bem evidentes e ainda não as corrigiu totalmente (ganhar as segundas bolas, falhar menos na transição defesa ataque melhorando a eficácia do passe, por exemplo). Mesmo assim, nota-se o efeito Rúben. Na garra, na vontade e até o espírito refilão, que lhe há-de custar muitos amarelos, é verdade, mas que contrasta com a apatia frequente que se verificava antes.

Hugo Sousa n'O Jogo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Liga dos Campeões - Porto ganha

FCPorto 2 - Arsenal 1.



Capas de 17 de Fevereiro de 2010

O primeiro passo para a qualificação

Conferência de imprensa de Jesualdo Ferreira n'O Jogo:

O FC Porto estás a atravessar um bom momento e quer vencer o Arsenal, de preferência sem sofrer golos, para dar um passo importante rumo aos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Esta é a vontade de Jesualdo Ferreira que espera um jogo aberto e atractivo contra os londrinos. O técnico confirmou a disponibilidade de Hulk e Raul Meireles, mas não revelou se vão ser titulares, e admitiu que este será o jogo ideal para analisar "o estado de desenvolvimento e competências" da equipa.

O FC Porto volta a encontrar o Arsenal. Quais as diferenças entre este e o da época passada?

O que podemos analisar são os momentos das equipas, por vezes condicionados pelas ausências de jogadores importantes. Entendo que este Arsenal mantém a mesma linha e processos, mas evoluiu tacticamente com grande à vontade. Privilegia muito a posse de bola com objectivos claros de explorar a qualidade dos jogadores mais em ponta. Teve um momento muito bom no início da época, depois quebrou como muitas equipas, e agora está de novo a subir. Tem um ou outro problema para resolver em relação a jogadores. O FC Porto também. Pelos jogos que já fizemos em casa contra o Arsenal acredito que será uma partida aberta em que ambas as equipas têm possibilidades de fazer um bom jogo e de seguir em frente. Esta é apenas a primeira parte da eliminatória que se decidirá pela diferença de golos, mas também se vai decidir muito no campo táctico e mental.

E que FC Porto se pode esperar?

É incontornável que um jogo entre estas duas equipas seja aberto, bem jogado e em que todos querem ganhar. Neste quadro, entendo que será sempre atractivo e prenderá os espectadores. Jogamos para os nossos adeptos e para o estádio cheio. São duas equipas que em momento bom podem proporcionar grande espectáculo de futebol.

Tem grandes expectativas para a dupla Ruben-Meireles?

Espero apenas que cumpram as regras da equipa, que se expressam no talento e na qualidade que têm. Até pela rápida integração do Rúben é mais um acréscimo de qualidade e não um problema de continuidade. O FC Porto está num bom momento e este é o adversário ideal para analisar o nosso estado de desenvolvimento e competências. Este jogo tem a importância de um atestado de qualidade. Por isso, vamos fazer tudo para que este seja o primeiro passo para a qualificação. Sabíamos que este era um dos três/quatro adversários mais difíceis, mas estamos habituados a isto. O FC Porto está sempre presente na Champions, nos últimos quatro esteve nos oitavos-de-final e no ano passado estivemos entre os oito melhores. Queremos muito chegar aos quartos-de-final, como na época passada.

Qual o resultado ideal, vencer apenas ou vencer sem sofrer golos?

Infelizmente não podemos pedir aquilo que mais queremos. Será sempre uma resposta difícil. Esta eliminatória não é por pontos, mas por golos. E os golos fora têm, em caso de empate, um acréscimo. Por isso, não sofrer é fundamental, mas ganhar é ainda mais importante. São as vitórias que nos conferem confiança e mais prestígio e queremos ganhar.

Carlos Gouveia

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Capas de 16 de Fevereiro de 2010

Hulk e Meireles

Hulk no onze: sim ou não? Hoje, essa pergunta é certinha; a resposta de Jesualdo logo se vê. Bem sei que a argumentação física é importante e, não faltando lógica a quem defende a ideia de que o brasileiro deveria começar no banco, tenho de discordar. A titularidade parece-me um risco menor. Se estiver bem fisicamente, como garantem que está; se estiver com a fome de bola que se imagina, Hulk vale a aposta logo de início. Quererá fazer tudo depressa e bem, atrapalhando a eficácia? Talvez, mas isso faz parte do código genético futebolístico do brasileiro. Nem mais, nem menos do que antes. Tão ou mais interessante do que o regresso de Hulk será apreciar a muito aguardada - e, a confirmar-se, inédita - combinação de Raul Meireles com Rúben Micael. Tem tudo para dar certo, devolvendo a Meireles o papel de co-protagonista que ele desempenha tão bem no meio. Suspeito de que é melhor a partilhar funções do que como líder a solo...

Hugo Sousa n' O Jogo.

Do cego...

É uma imagem fantástica, de uma candura que inquieta — a do cego na poesia de Jorge Luís Borges: Estou só em casa, olhando-o e não há nada no espelho.
É uma lei da vida do futebol, destino cruel, talvez — o dos árbitros que num instante breve, uma ou outra vez, acabam por ficar assim: sós em casa, olhando-o, sem nada no espelho. Todos. Nélson Rodrigues achava que disso se alimenta a paixão que se agita no lusco jogo que é a alma de todos nós: «A arbitragem normal e honesta confere às partidas um tédio profundo, uma mediocridade irremediável. Só o juiz gatuno dá ao futebol uma dimensão nova e, se me permitem, shakespeariana. O espectáculo deixa de se resolver em termos especificamente técnicos e tácticos. Passa a ter uma grandeza específica e terrível. Eis a verdade: o juiz ladrão revolve, no time prejudicado esse fundo de insânia, de ódio, que existe, adormecido, no mais íntegro dos seres. E o mínimo que nos ocorre é beber-lhe o sangue.»

Eu acho que não — e portanto há coisas que me abalam mais. Por exemplo, ver que o pior cego é o que consegue ver Paixão em aceitável árbitro sem lhe conseguir ver erros e despautérios incríveis, injustificáveis, sucessivos, recorrentes — de que o penalty de Rúben Micael no Leixões-FC Porto foi apenas mais um, desconcertante. E nesses casos o que me ocorre não é beber-lhe o sangue — é sentir-lhe pena. Pena, sim — porque a culpa não é das 23 dioptrias (para não pensar coisa pior...) do tragicómico Sr. Bruno, da sua falta de classe ou de personalidade — a culpa é de quem insiste em mandá-lo fazer o que ainda lhe manda fazer, sem notar que são vezes de mais as vezes em que ele olha, exibicionista, pimpão, para um lance e o decide pior do que se estivesse só em casa, olhando-o, sem nada no espelho - e nada lhe acontece...

António Simões n' A Bola.

Tudo isto existe, tudo isto é triste

1 Olhei para o Estádio do Mar, pouco depois do jogo começar: campo pequeno, relvado impróprio para jogar bom futebol e a favorecer quem defende. Público da casa que apenas queria ver a sua equipa bater o pé ao «grande», jogasse como jogasse, equipa disposta a fazer-lhe a vontade, recorrendo a todos os truques do anti-jogo que vêm nos compêndios, árbitro conhecido pela sua paixão benfiquista e pelos danos causados ao FC Porto ao longo dos tempos. Estavam reunidas todas as condições para o FC Porto encostar. E encostou.
Segundo os critérios de Olegário Benquerença, exibidos no Sporting-Benfica para a Taça da Liga, José Manuel, do Leixões, deveria ter sido expulso aos 7 minutos, quando entrou por trás e a varrer Rúben Micael, deixando-o diminuído fisicamente para o resto do jogo. Mas claro que eu sabia que os critérios disciplinares do nosso único árbitro mundialista não valem para todos — todos os árbitros e todos os clubes. Basta lembrar-me do que tantas vezes acontecia no tempo em que era permitido ao Hulk jogar em Portugal, quando, mal o jogo começava, se percebia que havia adversários que vinham com instruções de o tentar arrumar ou intimidar logo de início — e os árbitros nada, nem um amarelo.

Nomear os mais conhecidos árbitros benfiquistas (casos de Lucílio Baptista ou Bruno Paixão) para jogos do Benfica, do Braga ou do FC Porto, quando o campeonato entra na sua fase decisiva, não é apenas falta de senso, é também falta de maneiras. Até porque eles, sobre serem benfiquistas, não se distinguem de forma alguma pela sua qualidade técnica. Restam, pois, as consequências previsíveis: nos últimos dois jogos em que perdeu pontos para o Benfica e Braga, o FC Porto empatou com o Paços de Ferreira depois de ter visto um golo magnífico e limpíssimo de Falcao ser anulado, e empatou com o Leixões depois de ter visto Bruno Paixão fazer vista grossa a um penalty sem história, cometido cinco metros à sua frente e à sua vista. Entretanto, também o Benfica empatou em Setúbal, com um golo limpíssimo anulado ao Vitória. Nem é preciso andar mais para trás nas contas: cinco pontos valem um campeonato, valem uma época, valem milhões da Liga dos Campeões.

2 Como já aqui escrevi a propósito desse jogo com o Paços, tenho muito respeito pelos clubes pequenos e não esqueço que eles competem com os grandes em condições objectivas de desigualdade. Mas isso não é um pretexto para que renunciem à partida a competir e se refugiem num anti-jogo que é uma ofensa a quem paga bilhete para ver futebol. Se é para dar espectáculos destes que querem estar na primeira Liga, mas valia não estarem. Mais valia que a primeira Liga tivesse só doze clubes, a jogar em duas fases, como há muito defendo.

Porque uma coisa é jogar à defesa e em contra-ataque, recuar as linhas, dar a iniciativa e a despesa de jogo ao adversário mais forte. Outra coisa é entrar em campo direitos às canelas dos adversários, criar um clima constante de contestação de todas as decisões dos árbitros por mais inócuas que sejam, defender com dez jogadores dentro da área ou, como fez o Leixões, ter seis jogadores assistidos no relvado, por pretensas lesões, apenas na segunda parte (!). Dizia um jogador leixonense, no final, que já tinham assimilado os «princípios de jogo» do novo treinador. Bem, não é difícil: com «princípios» daqueles, qualquer um é treinador e qualquer um se consegue imaginar jogador.

Façam o choradinho que quiserem, esta é a minha opinião: futebol assim, com campos e relvados daqueles, árbitros que protegem o anti-jogo e os sarrafeiros, não vale a pena esperar por público nas bancadas. Eu sei bem porque fico em casa.

3 Já está ultrapassada a barreira dos dois meses da «suspensão prévia» do Hulk e do Sapunaru, por pretensos acontecimentos, falseados enquanto possível, e que, já deu para perceber que não justificavam sequer um jogo de suspensão. Já foram vistas e revistas as imagens, ouvidos os intervenientes e testemunhas, produzidos os relatórios de quem de direito, já nada há que obste a uma decisão. Apenas a vontade de demorá-la o tempo conveniente para que depois a duração do castigo coincida com a suspensão preventiva. Entretanto, o FC Porto tem encostado o mais caro e o mais perigoso jogador do seu plantel e vai perdendo pelo caminho, e com a ajuda das arbitragens, os pontos necessários para cavar uma distância que garanta que, quando o Hulk regressar, já será tarde. Todos os dias se acrescenta mais um dia a esta vergonha pública, perante o silêncio da nossa imprensa desportiva, que aceita passivamente que o CD da Liga possa retirar do campeonato aquele que, na última temporada, foi considerado o seu melhor jogador.

Há dias, o «Diário de Notícias» trazia uma sondagem para responder à seguinte pergunta: «O campeonato tem sido alvo de várias polémicas. Como acha que vai ser decidido?». Respostas: 31,3% responderam «pelas arbitragens»; 26,3% responderam «nos túneis»; e apenas 25,7% responderam «no campo». Eis ao que chegámos.

4 O Fernando Guerra pode, pois, tomar nota desde já: dificilmente os portistas e os bracarenses irão reconhecer o mérito de um campeonato ganho pelo Benfica nestas circunstâncias.

E, já agora, respondendo à sua extraordinária declaração de que «em mais de 50 anos não conseguiram os partidários do dragão descortinar uma relação entre feitos desportivos do Benfica e eventuais favores de arbitragem», lamento desapontá-lo, mas, por acaso e para não ir mais longe, basta lembrar as circunstâncias em que o Benfica venceu os seus dois últimos títulos: a Taça da Liga, da época passada, ganha ao Sporting de maneira tal que passou a ser conhecida na gíria por «Troféu Lucílio Baptista»; e o último campeonato ganho, o do Trapattoni, em que nos últimos dez jogos todos os golos dos encarnados aconteceram de penalty e livres inventados ou duvidosos à entrada da área (lembro-me bem do penalty decisivo, no último jogo no Bessa, que foi dos mais anedóticos que já vi assinalado). O Fernando Guerra atreveu-se a sugerir que já só faltava limpar a «lenda» do Calabote, para que meio século de arbitragem ficasse virgem de favores feitos ao Glorioso. Tarefa difícil, essa de fazer esquecer os Porfirios e os Valentes ou os contemporâneos Lucílios e Paixões.

5 Ansiosa por deitar poeira para os olhos dos que não andam cegos, a imprensa benfiquista pretende que o Braga só venceu o Marítimo graças a um golo irregular. De facto, no início da jogada, a bola esteve fora da linha lateral, mas pretender que isso teve relação directa com o golo é mais do que má-fé: entre a saída da bola e o golo decorreram uns trinta ou quarenta segundos em que a bola passou por uns seis jogadores e poderia ter sido umas três vezes definitivamente afastada pelos jogadores do Marítimo antes do belíssimo pontapé fatal de Luís Aguiar. Por este critério de causa-efeito, dificilmente se encontrará um golo que, na sua génese, lá atrás, não tenha tido alguma coisa de irregular. O que se pretende aqui, como bem sabemos, é preparar o terreno para os devidos fins.

6Amanhã o Arsenal e domingo o Braga. Duas equipas que equipam de igual, dois adversários terríveis. É a altura decisiva da época para um FC Porto atípico, mas que, mesmo assim, é neste momento a única equipa da Europa que, tendo já vencido uma das competições em que participou (Supertaça), continua a disputar, e com a vitória ao alcance, todas as outras: Liga dos Campeões, campeonato nacional, Taça de Portugal, Taça da Liga. E é nestas alturas que o FC Porto se costuma agigantar.

Miguel Sousa Tavares n' A Bola.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Capas de 15 de Fevereiro de 2010

Linhas

Jesualdo Ferreira desconfia de que há uma linha traçada no campeonato. Disse-o no final do jogo com o Leixões, ao sublinhar os equívocos de arbitragem. Ironicamente, ontem, em Braga, houve outra linha a ganhar protagonismo, e à vista desarmada. Para já, estas linhas cosem apenas a matemática do título, que não é coisa irrelevante. Mas, longe de querer alinhavar profecias, é provável que, mais dia menos dia, entre os três candidatos rebente a questão verdadeiramente central, capaz de aumentar o dramatismo a níveis sem paralelo. Ou seja, a questão das vagas na Liga dos Campeões: só há duas. Para o FC Porto, esta é uma semana decisiva. Parece repetitivo dizê-lo, porque as oscilações de rendimento foram ditando ideia semelhante noutras ocasiões. Mas é mesmo. Contra o Arsenal de Londres e o de Braga, o FC Porto joga a Champions a dobrar. A deste ano, onde já atingiu o mínimo, e a do próximo, que é o patamar mínimo que o clube exige.

Hugo Sousa n' O Jogo.


domingo, 14 de fevereiro de 2010

Capas de 14 de Fevereiro de 2010

Sub-19: Porto vence

A equipa de Sub-19 do FC Porto somou este sábado mais três pontos no Campeonato Nacional de Juniores A. Os jovens Dragões venceram no terreno do Rio Ave por 2-3, exibindo qualidade, raça e ambição suficientes para alcançar o sucesso. Abdoulaye, Gilmar e Dias foram os marcadores de serviço.

O treinador Patrick Greveraars fez alinhar a seguinte formação: Maia, David, Abdoulaye, Ramon, Bacar, Dias, Alex, Sérgio Oliveira, Claro, Amorim e Tiago. Jogaram ainda Katalin, Gilmar e Flávio.

Hóquei em Patins - Porto ganha

Pedro Gil foi o principal obreiro da goleada do FC Porto Império Bonança sobre a AD Oeiras (7-0), no regresso do hóquei em patins portista ao Pavilhão Municipal de Fânzeres. O espanhol marcou três golos e fez ainda duas assistências, servindo até Emanuel Garcia para o tento inaugural, aos 14 minutos. À passagem da 15.ª jornada, os Dragões mantêm-se firmes no topo da classificação.

Basquetebol - Porto perde

Sem Carlos Andrade e Jeremy Hunt, ambos lesionados, o FC Porto Ferpinta perdeu, na noite de sexta-feira, com o Guimarães, por 74-79, em partida da 13ª jornada da fase regular da Liga, disputado no Dragão Caixa.

Privada de dois dos seus mais influentes jogadores, a equipa de Moncho López interpretou uma recuperação fantástica na segunda parte e recuperou as dúvidas sobre o desfecho com um empate a 72 pontos, quando já faltavam menos de dois minutos para jogar.

Julian Terrell (15 pontos e 12 ressaltos) e Nuno Marçal (19 pontos e 7 ressaltos) foram os elementos em destaque nos Dragões.